Sequencia didática - Tarsila do Amaral

Sequencia didática - Tarsila do Amaral
SEQUENCIA DIDÁTICA TARSILA DO AMARAL -Releitura - 2010

sábado, 29 de dezembro de 2012

Leitura de fruição: ASA CURTA

            Asa curta era um passarinho já muito velho,  mas que ainda não sabia voar. Ela tinha aprendido, em seus oito anos de vida, muita coisa que nenhum passarinho havia aprendido antes. Asa Curta sabia ler, dançar desde o tango  argentino até a dança-do-bico-pro-ar.
            Havia ainda muita coisa mais que Asa Curta fazia, diferente de tudo quanto os outros passarinhos sabiam fazer: dava cambalhota como gente de circo, levantava galho de árvore com uma pata só. Imitava voz de homem e de mulher, assobiava comendo alpiste. Ele era um grande artista.
            Ele vivia triste, pois de que adiantava fazer tudo isso, senão sabia fazer o que mais novo e o mais analfabeto dos passarinhos de qualquer floresta  ou de qualquer cidade era capaz de fazer?
            Sua tristeza ainda era  maior quando seus amigos chegavam de viagem. Um dia era o Pardal Ambulante, que tinha visitado a Argentina e corria logo para contar a Asa Curta:
            __ Mas é impressionante, companheiro, como é que o povo lá dança tango igualzinho você sabe dançar!
            No outro dia era o Pica-pau “Leva-e-Traz”, que tinha ido até a Rússia vender pau-brasil e comprar madeira russa pros pica-paus brasileiros.
            __ Nossa,  Asa Curta, eu vi o pessoal dançando na rua como você.
            Ele morria de vontade de ver como é que cada povo dançava a sua dança, mas não podia chegar a  lugar nenhum só andando. Quando os outros passarinhos lhe perguntavam porque ele não viajava também, Asa Curta, com cara muito triste, saía sempre com desculpas:
            __ Eu já estou velho, não agüento mais essas viagens. Já viajei muito quando era moço, aprendi muita coisa. Agora prefiro ficar por aqui mesmo.
            Um dia, Asa Curta começou a pensar em tudo quanto sabia e ficou admirado com a sua sabedoria. Ele descobriu que, mesmo sem voar, ele conhecia mais coisas e lugares do que todos os outros passarinhos. Enquanto os outros usavam as asas e os olhos para conhecer o mundo e as pessoas, ele usava a inteligência e a memória.
            Deste dia em diante, Asa Curta passou a ser também o passarinho mais feliz da redondeza.
                        
                           Gilberto Mansur

                           In: Asa Curta, São Paulo, Ed. Vertente

Leitura de fruição: OS QUATRO ALUNOS


Uma fábula sobre as diferentes maneiras de ser estudante, escrita por um aluno.

Esta é uma história que se passa em qualquer escola, com qualquer aluno, comigo, com você...
Eram quatro rapazes que estudavam numa escola em uma mesma classe: Arrependido, Falso, Mínimo e Quero-tentar.
Arrependido era um rapaz desanimado com os estudos, não fazia nada na sala de aula e muito menos os deveres de casa. Não pensava no seu futuro e vivia achando que estava perdendo tempo naquela escola e por isso arrependia-se por não poder ficar pelas ruas com seus colegas. Por não gostar de estudar, tirava notas baixas.
Falso era um cara mentiroso e um pouco preguiçoso para com os estudos. Ou copiava de alguém ou falsificava o que fazia; na realidade mesmo, nada fazia e era tão falso quanto sua nota – apesar de ser razoável – pois tudo o que precisava era “colar” ou confiar no amigo na hora da avaliação, raramente isso falhava.
Mínimo era um rapaz que não pensava em ir muito longe, para este o que importava era conseguir uma nota que o aprovasse, portanto estudava pouco, mas não “colava” nas avaliações e não passava disso, 60% era o bastante e contentava-se com este mínimo. Sempre tinha um pensamento”tenho boas notas porque não perdi nenhuma”.
Quer-tentar gostava do que fazia. Quando lhe apresentavam algo novo, um problema que ele não soubesse, ele dizia “vou tentar resolvê-lo” e quase sempre conseguia mesmo. Não era nem mais, nem menos inteligente do que os outros, mas tinha força de vontade. Suas notas eram boas, porém, não estudava para tirar notas e sim para ficar sabendo. Este era aluno todos os dias e sua persistência o ajudava a vencer.
Assim, Quero-tentar era o primeiro da classe. Em termos de aprendizagem, Mínimo era o penúltimo, Falso era o último, pois só tinha nota e não sabia nada, e Arrependido abandonou a escola.
Hoje, todos já são homens feitos e cada um teve seu destino:
Arrependido mora numa grande favela chamada Tarde- demais.
Falso queria ser político, mas foi infeliz porque descobriram sua falsidade; foi julgado e condenado por um juiz chamado Verdade.
Mínimo, com seu conhecimento mínimo, é soldado mínimo das Forças Armadas, ganha um salário mínimo e tem um comandante muito exigente chamado Máximo que sempre lhe cobra 100%.
Quero-tentar se saiu melhor e hoje é presidente de um país chamado “República Democrática dos Sucessos”.

Texto produzido por Marcos José Ferreira.
Aluno do 2º Técnico ‘B’ da E.E. Professor Cândido Gomes. ( Alvinópolis – MG)

Fonte: Amae Educando. Abril de 1996. Nº 258. Página 42.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

TEXTO DE FRUIÇÃO - O desafio de Lilibel

                                                             Lúcia Tulchinski

Quando o professor de matemática veio com aquela história de Campeonato de Tabuada, Lilibel desconfiou que estivesse em apuros. As perguntas seriam orais e venceria quem acertasse o maior número de respostas. O problema não era a matemática e, sim, um medo guardado a sete chaves. Um gigante invisível que a acompanhava de segunda a sexta-feira em todas as horas do dia. O medo de Lilibel chamava-se timidez. Ela preferia fazer dez provas bem difíceis a participar daquela competição. O campeonato começaria logo na primeira aula do dia seguinte.
Lilibel dormiu muito mal naquela noite. Teve pesadelos cheios de números. Todas as tabuadas estavam na ponta da língua, mas o medo de falar em público não saia de sua cabeça. Medo  X  Medo era igual a muito medo.
As preces de Lilibel para que o professor ficasse doente não foram atendidas. Lá estava ele, com o maior sorriso no rosto, pronto para começar o campeonato de Tabuada. Logo, os nomes começaram a ser chamados. Primeiro foi o Carlinhos, depois o Heitor, a Joana, a Laís. Foi então que ela ouviu o seu nome: - Lilibel, é a sua vez. Quanto é quatro vezes seis? Ela sabia que a resposta certa era 24, mas perdeu a fala e os seus primeiros pontos.
No recreio, Lilibel foi chorar no banheiro. Lá estava Tate, sua melhor amiga, que também tinha lá os seus medos.
 __ Lilibel, não chore, você só precisa criar coragem. A primeira vez que derrotar o medo, ele vai embora para sempre.
Dois dias depois, começou a segunda etapa da competição. O primeiro a ser chamado foi o Joaquim. A pergunta era: - quanto é nove  x  sete? O aluno errou a resposta. Lilibel sentiu que chegara a hora de dar uma rasteira no medo e, tremendo, levantou o braço.
__ Pode responder Lilibel – disse o professor.
Os olhos de todos os colegas de classe voltaram-se surpresos para ela, que, com a voz trêmula disse: - Ses ...sen...ta e  tr ..ês.
__ Resposta certa! Ponto para Lilibel.
Tate não se conteve e gritou:
__ É isso aí, garota!
Lilibel sentia-se leve como uma pluma. Tinha vontade de abraçar o mundo inteiro. Para ela, aquela era uma grande vitória. De repente, um bilhete aterrizou em sua carteira. Nele estava escrito:
“Lilibel, você tem uma voz muito bonita. Zeca”.
Com o rosto queimando feito brasa, Lilibel sorriu para o Zeca. Ele também estava vermelho como pimenta-malagueta. E sorria.

Projeto Alfredo Volpi

Escola Municipal Dom Miguel Fenelon Câmara

Projeto Pedagógico Alfredo Volpi

4º ano B - 2012

Professora Marli

“A gente se desliga e então só passa a existir o problema da linha, forma e cor. Minhas bandeirinhas não são bandeirinhas; são só o problema das bandeirinhas".

Alfredo Volpi



JUSTIFICATIVA

A Arte está em nosso cotidiano e deve ser um dos modos do homem refletir com o seu olhar, a sua sensibilidade ao que ocorre ao seu redor. Por outro lado, o outro deve perceber esta intenção do artista por apreciar sua obra e refletir sobre as mudanças ambientais, culturais, físicas, emocionais ou psicológicas que o homem pode ocasionar a si e a outros  no seu meio. Esta intencionalidade deve ser explorada na escola, especificamente na sala de aula pelo professor em administrar suas aulas de Arte.
Estes aspectos são contemplados ao estudar artistas com Tarsila do Amaral, Cândido Portinari, Romero Britto, entre outros. Este projeto propõe sistematizar um trabalho pedagógico transversal com o artista plástico Alfredo Volpi uma vez que o seu perfil artístico e pessoal possibilita interligar áreas do conhecimentos, tais como História (Imigração), Geografia (mudanças do espaço geográfico, influências culturais), Arte ( técnicas: linhas, pontos, cores), Matemática (Geometria), entre outros que são próprias do 4º ano no Ensino Fundamental.
A obra de Alfredo Volpi em sua fase mais conhecida explora a Geometria, a qual possibilita desenvolver situações pedagógicas em que o aluno irá compreender o vocabulário específico da Geometria. Em consequência desta observação de obras do artista, o educando irá perceber, relacionar e identificar estas formas geométricas, bem como com a harmonia das cores com o mundo que o rodeia. Além disso, proporciona atividades que irão desenvolver a observação. coordenação motora fina, concentração, entre outros ao recortar, colar, dobrar, medir, comparar, delimitar  com diversos materiais.
Além desse contexto, intenciona-se resgatar os valores culturais, morais e éticos necessários para uma boa convivência em sociedade. Bem como expor aos alunos a variação e a diversificação da expressão artística em todos os segmentos da sociedade é possível e devem ser respeitada por todos. Convém ressaltar  que este ano letivo foi trabalhado o Projeto Pintura Abstrata e Pintura Figurativa e dessa forma este projeto tende a ampliar a apreciação e a reflexão na obra de Volpi e estender este olhar para o mundo que o cerca.

PÚBLICO ALVO:    
          Trinta alunos do 4º ano B.

OBJETIVO GERAL
Desenvolver a sensibilidade e criatividade ao perceber o mundo que o rodeia e transportá-las em suas peças artísticas ou do outro.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
ü  Comparar a realidade social de nossos dias com a da infância e vida adulta do artista e perceber que há possibilidade de alterar ou conviver com este quadro.
ü  Identificar a intencionalidade do artista ao relacionar o nome dado e a própria produção artística.
ü  Localizar os destaques dados às cores primárias e secundárias utilizadas por Alfredo Volpi em suas obras.
ü  Notar os valores éticos abordados nas obras trabalhadas e perceber que são importantes na convivência dos seres humanos em sociedade.
ü  Aperfeiçoar a coordenação motora fina por meio das produções deste projeto.
ü  Explorar os conceitos geométricos contemplados nas telas do artista.
ü  Despertar um olhar observador no mundo identificando as suas formas geométricas contidas em seus aspectos físicos.
ü  Perceber as características das festividades culturais do povo brasileiro.
ü  Identificar as mudanças das cidades retratadas por Volpi com o passar do tempo.
ü  Reconhecer as diferenças das arquiteturas abordadas nas telas deste projeto.
ü  Perceber a diversidade de materiais que possibilitam a expressão artística.
ü  Valorizar o seu trabalho e do outro como uma variação ou releitura de uma obra de Alfredo Volpi.

ÁREAS DO CONHECIMENTO:
ü  Arte
ü  Língua Portuguesa
ü  Matemática
ü  Geografia
ü  História                                      
ü  Sociedade e Cultura
ü  Ética
ü  Pluralidade Cultural

METODOLOGIA
As ações metodológicas utilizados neste projeto pedagógico serão: leitura compartilhada, textos informativos, discussão, slides das telas e fotos de Alfredo Volpi, produções individuais de releituras de algumas obras com tinta guache, lápis de cor, recorte e colagem. Socialização, entre outros.

AVALIAÇÃO
Será somativa e formativa diante das áreas do conhecimento abordadas neste trabalho pedagógico, bem como pela participação individual ou coletiva do aluno, a criatividade, o respeito às diferenças e diversidades durante todo o processo de aprendizagem.

TEMPO PREVISTO
Dois bimestres.

CULMINÂNCIA
Socialização das atividades produzidas pelos alunos para a família e comunidade escolar.                                  

ATIVIDADES PROGRAMADAS

1º DIA: Biografia de Alfredo Volpi. Leitura individual e compartilhada. Interpretação oral. Identificação das palavras desconhecidas. Uso do dicionário. Trabalho em dupla. Socialização.

2º DIA: Projeção de slides. Obras e fotos de Alfredo Volpi. Análise das fases do artista plástico.

3º DIA: Soltando as pipas. Descobrindo as cores secundárias com lápis de cor ou giz cera. Trabalho individual.

 4º DIA: Tela: Barco com bandeirinhas e pássaros. Interpretação da tela ( cores, movimento, iluminação, primeiro e segundo planos). Releitura com lápis de cor ou giz cera e colagem. Trabalho individual.

5º DIA: Tela: Sem título. Interpretação oral (cores, movimento, iluminação, primeiro e segundo planos). Releitura com lápis de cor ou giz cera e colagem. Trabalho individual.

6º DIA: Tela: Grande Fachada Festiva. Releitura com recorte, colagem, pintura com lápis de cor  e giz cera. Trabalho individual. Socialização.

E 8º DIA: Tela: Bandeirinhas. Releitura. Papel 40 kg. Base com tinta guache. Recorte e colagem das bandeirinhas de revistas com gravuras coloridas. Socialização.

E 10º DIA: Tela: Bandeirinhas. Releitura. Papel 40 kg. Base com tinta guache. Recorte e colagem de retalhos de tecidos. Socialização.


11º E 12º DIA: Tela: Casario em Santos. Trabalho em dupla. Entregar uma parte fragmentada da obra para cada dupla. Completar como imaginam que é a tela. Socialização dos trabalhos realizados em comparação da tela do artista.


13º E 14º DIA: Releitura em papel 40 kg de uma das telas trabalhadas neste projeto a escolha do aluno, bem como uma ou mais técnicas: tinta guache, lápis de cor, giz cera, recorte ou colagem.


15º DIA: Socialização dos trabalhos desenvolvidos no projeto para a comunidade escolar e familiar.



sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Maria vai com as outras - Sylvia Orthof

           Era uma vez uma ovelha chamada Maria. Aonde as outras ovelhas iam, Maria ia também. As ovelhas iam para baixo. Maria ia também. As ovelhas iam para cima. Maria ia também.
           Maria ia sempre com as outras.
           Um dia, todas as ovelhas foram para o Pólo Sul. Maria foi também. Ai! Que lugar frio! As ovelhas pegaram uma gripe!!! Maria pegou uma gripe também. Atchim!
           Depois, todas as ovelhas foram para o deserto. Maria foi também. Ai que lugar quente! As ovelhas desmaiaram. Maria também. Uf!Puf!
           Um dia todas as ovelhas resolveram comer salada de jiló. Maria comia também. Que horror! Foi, quando, de repente, Maria pensou: “Se eu não gosto de jiló, por que é que eu tenho de comê-lo?”.
           Maria pensou, suspirou, mas continuou fazendo o que as outras faziam.
           Até que as ovelhas resolveram pular do alto da montanha para dentro da lagoa. Todas as ovelhas pularam.
           Pulava uma ovelha, não caía na lagoa, caía na pedra, quebrava o pé e chorava: mé!
           E assim, quarenta e duas ovelhas pularam, quebraram o pé e choraram: mé! mé!
           Chegou a vez de Maria pular. Ela deu uma requebrada, entrou num restaurante e comeu uma feijoada.
          Agora, mé, Maria vai para onde caminha o seu pé e cuidar da sua vida e nunca mais foi uma Maria vai com as outras.

FÁBULA: A GALINHA DOS OVOS DE OURO


Um camponês e sua esposa possuíam uma galinha que punha todo dia um ovo de ouro.
Supondo que devia haver uma grande quantidade de ouro em seu interior, eles a mataram para que pudessem pegar tudo.
Então, para surpresa deles, viram que a galinha em nada era diferente das outras galinhas.
        O casal de tolos, desse modo, desejando ficarem ricos de uma só vez, perdeu o ganho diário que tinham assegurado.
Autor: Esopo

Moral da História:

Quem tudo quer acaba ficando sem nada.

Fábula: A ONÇA E O BODE


            CERTO  DIA,  O  BODE  RESOLVEU  FAZER  UMA  CASA.
            ESCOLHEU  O  TERRENO,  LIMPOU  O  MATO,  TIROU  AS PEDRAS  E  DISSE:
            __AMANHà EU  VOLTO.
            A  ONÇA,  PASSANDO  POR  ALI,  PENSOU:
            __QUE  ÓTIMO  LUGAR  PARA  FAZER  MINHA  CASA.
            PEGOU  UMAS  TÁBUAS, CERCOU  O  TERRENO  E  DISSE:
            __AMANHà EU  VOLTO.
            NO  DIA  SEGUINTE  O  BODE  CHEGOU  E  DISSE:
            __AH,  DEUS  ESTÁ  ME  AJUDANDO!
            E,  ARRANJANDO  UNS  TRONCOS  DE  ÁRVORE,  LEVANTOU  AS  PAREDES  E  FOI  EMBORA.
            QUANDO  A  ONÇA  CHEGOU,  FOI  LOGO  PENSANDO:
            __AH,  DEUS  ESTÁ  ME  AJUDANDO!
            TROUXE  PALHA  E  SAPÊ  PARA  FAZER  O  TELHADO, DEPOIS  FOI  EMBORA.
            NO  OUTRO  DIA  O  BODE  DISSE:
            __AH,  DEUS  ESTÁ  ME  AJUDANDO!
            BOTOU  AS  PORTAS  E  RESOLVEU:
            __AMANHà   POSSO  ME  MUDAR  PARA  CÁ.
            E  FOI  EMBORA
            AO  VER  AS  PORTAS  NO  LUGAR,  A  ONÇA  PENSOU:
            __AH,  DEUS  ESTÁ  ME  AJUDANDO.
            TRATOU  DE  COLOCAR  AS  JANELAS  E  DECIDIU:
            __AMANHà MESMO  VOU  ME  MUDAR.
            O  BODE  CHEGOU  PRIMEIRO. ENTROU  NA  CASA E, DE REPENTE,  QUEM  APARECE?  A  ONÇA.
           __O  QUE  VOCÊ  FAZ  NA  MINHA  CASA?
           __SUA  CASA?  ESTA  CASA  É  MINHA – DISSE  A  ONÇA.
                                                                  
           MORAL DA HISTÓRIA: QUANDO  A  ESMOLA  É  GRANDE  O  SANTO  DESCONFIA!
                                                            ADAPTAÇÃO  DO  FOLCLORE

Jogral da pontuação - Graça Batituci

Sou um pinguinho legal,
Dou fim a um pensamento.
Meu nome é ponto final.
Estão me chamando... um momento.

Sou muito curioso.
Tudo, tudo, quero saber.
Por isso sempre apareço,
No fim de perguntas, querem ver?

Admiração, medo e espanto.
Alegria, dor e surpresa.
Sou o ponto de exclamação.
E na frase fico uma beleza!

Se alguém me perguntar.
Quem é você, seu Zezinho?
Eu sou os dois pontos:
Mostro que a fala está a caminho.

Sou um tracinho pequeno,
usado sempre em diálogos.
Indicar a fala de alguém
                        É bom, e eu não me calo.         

FÁBULA: O rato do campo e o rato da cidade



          Certo ratinho da cidade resolveu banquetear um compadre que morava no mato. E convidou-o para um festim, marcando hora e lugar.
Veio o rato da roça, e logo de entrada muito admirou do luxo de seu amigo. A mesa era um tapete oriental, e os manjares eram coisa papa-fina: queijo do reino, presunto, pão de ló, mãe-benta. Tudo isso dentro de um salão cheio de quadros, estatuetas e grandes espelhos de moldura dourada.
Puseram-se a comer.
No melhor da festa, porém, ouviu-se um rumor na porta. Incontinente, o rato da cidade fugiu para o seu buraco, deixando o convidado de boca aberta.
Não era nada, e o rato fujão voltou e prosseguiu o jantar. Mas ressabiado, de orelha em pé, atento aos mínimos rumores da casa.
Daí a pouco, novo barulhinho na porta e nova fugida do ratinho.
O compadre da roça franziu o nariz.
__Sabe do que mais? Vou-me embora. Isto aqui é muito bom e bonito, mas não me serve. Muito melhor roer o meu grão de milho no sossego da minha toca do que me fartar de gulodices caras com o coração aos pinotes. Até logo.

Moral: Mais vale uma vida modesta com paz e sossego que todo o luxo do mundo com perigos e preocupações.

Monteiro Lobato

FÁBULA: O leão e o rato (primeira versão)


         Uma vez, quando o leão estava dormindo, um ratinho pôs-se a passear em suas costas. Isso logo acordou o leão, que segurou o bichinho com sua enorme pata e abriu a boca enorme para engoli-lo.
         ___  Perdão, rei dos animais -  gritou o ratinho. - Deixe-me ir, não o incomodarei mais. Quem sabe se um dia não conseguirei pagar-lhe este favor?
         O leão riu-se muito ao pensar na possibilidade de o ratinho ajudá-lo em alguma coisa. Afinal, soltou-o.
         Algum tempo depois, o leão caiu numa armadilha. Os caçadores, que desejavam levá-lo vivo ao rei, amarraram-no numa árvore, enquanto iam providenciar uma carroça para transportá-lo. Nesse momento, apareceu o ratinho.
         Vendo o apuro em que se encontrava o leão, num instante roeu as cordas que o prendiam à árvore.
          ___ Eu não disse que talvez um dia pudesse ajudá-lo? - lembrou o rato.

Moral da história: Uma boa ação paga outra.
Adaptado de Fábulas de Esopo


A CASA - ELIAS JOSÉ

ESSA CASA É DE CACO
QUEM MORA NELA É O MACACO
ESSA CASA TÃO BONITA.
QUEM MORA NELA É A CABRITA.                                                 
ESSA CASA DE CIMENTO                                                                                         
QUEM MORA NELA É O JUMENTO.
ESSA CASA DE TELHA,
QUEM MORA NELA É A ABELHA.
ESSA CASA DE LATA,
 QUEM MORA É A BARATA.
ESSA CASA É ELEGANTE,
QUEM MORA NELA É O ELEFANTE.
E DESCOBRI DE REPENTE,
QUE NÃO FALEI EM CASA DE GENTE.

A FESTA - Ieda Maria Kucera e Marília M. O. Silva

             
NA FESTA DA FLORESTA
FOI TODA A BICHARADA:
A BORBOLETA XERETA,
A MINHOCA DONDOCA,
A PERERECA SAPECA,
O ELEFANTE ELEGANTE,
O MACACO LEVADO,
O TIGRE COMILÃO.
MAS A FESTA, VEJAM SÓ!
ACABOU EM CONFUSÃO.
NA LISTA DOS CONVIDADOS, NÃO ESTAVA O REI LEÃO,
QUE FICOU MUITO ZANGADO,
RUGINDO FEITO UM TROVÃO.

O ÚLTIMO ANDAR - CECÍLIA MEIRELES


                                       
NO ÚLTIMO ANDAR É MAIS BONITO:
DO ÚLTIMO ANDAR SE VÊ O MAR.
É LÁ QUE EU QUERO MORAR.

O ÚLTIMO ANDAR É MUITO LONGE:
CUSTA-SE MUITO A CHEGAR.
MAS É LA QUE EU QUERO MORAR.

TODO OCÉU FICA A NOITE INTEIRA
SOBRE O ÚLTIMO ANDAR.
É LÁ QUE EU QUERO MORAR.

QUANDO FAZ LUA, NO TERRAÇO
FICA TODO OLUAR.
MAS É LA QUE EU QUERO MORAR.

OS PASSARINHOS LÁ SE ESCONDEM,
PARA NINGUÉM OS MALTRATAR:
NO ÚLTIMO ANDAR.

DE LÁ SE AVISTA O MUNDO INTEIRO:
TUDO PARECE PERTO, NO AR.
É LÁ QUE EU QUERO MORAR:

NO ÚLTIMO ANDAR.

OS CARTEIROS - ROSEANA MURRAY

                                           
ABRIR UMA CARTA,
O CORAÇÃO BATENDO,
É PRECIOSO RITUAL.
O QUE TERÁ DENTRO?
UM CONVITE, UM AVISO,
UMA PALAVRA DE AMOR
QUE ATRAVESSOU OCEANOS
PARA SUSSURRAR EM MEU OUVIDO?

SÃO COMO CONCHAS AS CARTAS,
GUARDAM O BARRULHO DO MAR,
O AR DAS MONTANHAS.
PARA MIM OS CARTEIROS
SÃO QUASE SAGRADOS,
UNICÓRINIOS OU MAGOS
NO MEIO DESSA VIDA BARULHENTA.