O currículo vai bem além de uma grade de conteúdos de áreas específicas do conhecimento já pré-elaborado por técnicos pedagógicos para determinado curso. O currículo é também todo o processo de aprendizagem que é planejado em uma escola primeiramente com o corpo docente juntamente com o suporte pedagógico, e daí o professor irá perceber quais as necessidades de seus alunos e irá planejar situações pedagógicas, as quais que induzam a reflexão, o questionamento dos seus conhecimentos prévios ou senso comum, induzindo-os a investigar o conhecimento científico e em conseqüência produzir o seu próprio saber.
Para alcançar tais objetivos as tecnologias dão poderosas contribuições. Pois assim como somos seres distintos com suas características próprias e limitações, as tecnologias têm em dados momentos têm seus prós e contras. Principalmente se o educador deseja alcançar o avanço da aprendizagem de seus alunos que têm necessidades diversas naquela mesma atividade pedagógica. Neste caso, ele deve possibilitar mecanismos tecnológicos diferenciados como filmes, imagens, programas de informáticas, entre outros, os quais conduzam uma mediação entre os alunos e o conhecimento, e assim há uma ressignificação e a produção de conceitos, lançando uma base para a compreensão do conhecimento científico. É como afirma Giselle Bieguelman as tecnologias permitem abordar o conhecimento não de forma linear e progressiva, como um livro, mas dinâmico induzindo uma pluralidade de sentidos.
Para haver uma integração das tecnologias ao desenvolvimento do currículo o melhor instrumento de trabalho é o de projeto pedagógico. Pois, ele induz os educadores a refletir a sua prática de ontem e de hoje, com seus pontos positivos e negativos, com uma perspectiva para o amanhã no seu fazer pedagógico. Diante deste contexto, há uma formação de uma teia entre currículo e a tecnologia. Como o projeto permite uma flexibilidade, há uma interação com os alunos de uma troca de experiências e conhecimentos. Conhecimentos estes que na área da tecnologia muitas vezes os alunos estão à frente do professor. Este é um momento rico, pois, demonstra que o professor não é o detentor do saber, mas que ele é aprendiz como o é também o aluno. Há uma reciclagem do conhecimento, com afirma Giselle Bieguelman, pois, com a realização de projeto criativo contempla as intersecções entre as linguagens. Entretanto, a autora adverte:
Não se trata do famoso “veja o filme, leia o livro e assista ao making of”, mas, sim, de um projeto “entre” mídias, cada qual com suas especificidades. ... O que se coloca no centro ... são os cruzamentos de linguagem que se fazem pela integração e desintegração de diferentes suportes e interfaces de leitura ... que trata justamente das relações entre suportes de escrita e contextos de leitura.
Para desenvolver projetos no âmbito do currículo é essencial que o professor compreenda quais são os seus objetivos, ou seja, o que deseja alcançar para o avanço da aprendizagem dos alunos, a partir do princípio que eles sejam atores desse processo não meros espectadores. Para tal, é necessário que o projeto estabeleça estratégias pedagógicas contextualizadas que as quais abram espaço para a compreensão e a reconstrução do conhecimento. As TIC por si mesmas não conduzem o projeto, mas, sim à intencionalidade do professor ao articular várias áreas do saber, visando a construção do conhecimento de seus alunos para que eles compreenderem a sua realidade e resolver os seus problemas sendo consequentemente sujeitos críticos que atuem, isto é, tenham uma autoria própria em seu meio se o achar necessário. Nestes aspectos Gisele destaca:
Se a autoria muda, é porque um conjunto de práticas culturais que configuravam a noção e a experiência da subjetividade estão sendo reprocessadas em um mundo globalizado, onde a soberania do autor, ao mesmo tempo em que se dilui, tem sua existência multiplicada como telepresença e conjunto de identidades compartilhadas. (grifo nosso)
Nós como professores devemos sempre buscar mecanismos pedagógicos para que os nossos alunos desenvolvam esta autoria ao levá-los a perceber a subjetividade dos que ocorre nesta globalização, e daí relacionar saberes distintos e os tornem atores de sua história e não meros espectadores.
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